sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Início do Projeto "Ficções do Invisível"

De acordo com a curadora do espaço Victória Noorthoorn, “a exposição reúne artistas que põem em cena a sua própria relação com o processo artístico e, ao se exporem, expõem os aspectos da produção artística que habitualmente ficam apagados ou sublimados na obra terminada: a economia de meios, a construção dos meios de expressão, a indagação interna, a relação entre obra e vida privada, as vicissitudes do artista como sujeito social permeado por determinações de idade, gênero, etnia, religião, tradições, linguagens...”.
Ainda de acordo com a curadora, a exposição articula-se a partir de três elementos: a figura solitária do artista, ou do sujeito que ele escolheu como protagonista de sua obra; um pôr em cena; seja real ou em registro; e o tempo desse pôr em cena propriamente dito.
A primeira obra é de Jérôme Bel, Véronique Doisneau (2004). Bailarina francesa, nessa obra ela expõem os bastidores, o que está por trás da cena, sem ornamentos. Não existe dança, somente o processo criativo.
A segunda obra é do inglês Ryan Gander: Maquette for Culturefield. Trata-se de uma “escultura” que reúne estruturas da história da arte, do desenho e da arquitetura: Torre Eiffel, bicicletas dobráveis, cadeiras dos Irmãos Campana, entre outros; representados, na Bienal, pelo pedestal, estante e plataforma branca.
Na seqüência, Janine Antoni apresenta a obra Touch, em que propõe uma idéia de limite e equilíbrio, ao caminhar sobre uma corda bamba e também na linha do horizonte.
Já o filme mudo “O Limite”, de Mário Peixoto (1931) é todo vanguarda e referencia para os cineastas atuais, com narrativa não linear e liberdade poética única, em que o tempo, o homem e a paisagem e a estreita ligação entre ambos são os pilares que sustentam a obra.
O desfile “O Vento” de Sergio de Loof, usa o lixo como referencia para sua moda.
Na obra Variações do Santo Jó, José Alejandro Restepo, usa a figura do Jó, que de acordo, com a Bíblia, foi desafiado por Deus a manter a sua fé apesar de suportar todas as provações do Diabo. O artista reconstrói esse flagelo ao colocar um corpo envelhecido, vestido com fraldas e com máscara de lutador mexicano.
Em o Samba do Crioulo Doido, de Luiz Abreu, o artista deixa seu corpo completamente nu, vestido apenas com longas botas brancas de salto alto, em que dança o preconceito racial. Um detalhe interessante nessa obra é a posição da Bandeira do Brasil, em que a faixa com ordem e progresso está em sentido ascendente.
Em “A Boca do Jarro”, Ana Gallardo denuncia a prostituição infantil na Argentina, através de um manifesto cantado, enquanto que em Curriculum Laboral, relata sua autobiografia, na sua língua materna.
Anna Maria Maiolino em Um momento por favor, exibe através de uma visão microscópica, as marcas da passagem do tempo em seu rosto, em que aparecem todas as rugas e manchas, enquanto canta uma canção infantil da sua terra natal.
Já em Breath, de Samuel Beckett – teatro com duração de 67 segundos – o autor faz alusão ao período entre o nascimento e a morte do individuo, o que ele produz nesse período. Em cena, apenas a cortina, luz e som, sem atores.
Em Severa Vigilância, do colombiano François Bucher, o artista propõem um questionamento sobre o próprio teatro e questiona, também, as diferenças entre a realidade e a ficção.
Fabio Kacero, através da leitura de um índice, de um jogo de futebol e um texto filosófico, mostra que os mundos dessas leituras feitas através de crianças é impossível, não chegam a tocar-se.
Por fim, temos a obra de Gabriel Sierra, que através de módulos, inverte a organização dos limites de espaço, dando uma alternativa à essa organização.
“O Vento” de Sergio de Loof
Maquette for Culturefield de "Ryan Gander"

Bailarina francesa

Módulos de Gabriel Sierra

Janine Antoni com a obra Touch

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